terça-feira, 29 de março de 2011

Rápido, rápido, lento...



  Da janela da minha casa vejo a vida que passa, umas vezes rápida, a galopar, outras vezes lenta, a bocejar…
Outro dia reparei num casal, ele alto e pomposo, sobretudo bege, coisa fina… muito composto, seguia erecto… ao seu lado vinha ela, a saltitar, baixota, loira, mesmo, mesmo muito loira, uma loiraça de primeira… pulseira de berloques, carteira a dar a dar…
 Opostos, de facto, mas juntos formavam um par… coisa estranha esta, caprichos   do destino, que  une o diferente, tornando-o aparentemente uno e igual…
 Dei comigo a fantasiar:
- Queriiido, já viste? Olha, repara…. Que linda!!! É mesmo um sonho! Já viste?! – diria ela, pensando… “ Anda mais devagar idiota! Bem feito seria se desses uma topada numa pedra e esmurraces um joelho!!!!
- Hummm? Que disseste? – responderia ele, resmungando entre dentes – “ Só compras, compras, compras, não pensa em mais nada o raio da mulher... sempre quero ver se a voar, vês alguma coisa….”
Ou então …
- Querido, anda mais devagar, está bem? Estou a correr para te acompanhar… ( e estes sapatos de salto fino estão-me a matar).
- Oh Amor! Podias ter dito antes… Sabes que faço tudo para te agradar!!!
(até ao fim do mundo eu ia, se fosse para te buscar…)
Quando despertei não eram mais do que dois pontos, que seguiam ao fundo, sempre a andar, sem nunca parar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

São palavras…


São palavras…
Como outras quaisquer.
Palavras susurradas,
Gritadas ao vento…
Pensadas, sentidas e confessadas.
Palavras contidas, reprimidas e guardadas.
Fechadas.
São palavras…
Podem conter o mundo,
Ou desabar em tempestade…
Palavras..
Só…
E no entanto…
No entanto o que não dariamos
Por uma palavra…
Sussurrada,
Gritada ao vento,
Pensada, sentida e confessada…
Solta…
Amada.