quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Lua




Meu Deus… Como está linda.
A lua brilhava, soberana, majestosa no céu. Como um íman atraía olhares. A rapariga que passava, abrandou o passo,  presa ao brilho hipnotizante.
“ O brilho da lua é tão forte… - pensava ela – será que, se olhar por muito tempo, com todas as minhas forças, poderei ver, ou pelo menos sentir… dizem que a lua é mágica. Interfere nos partos, influencia a força das marés … porque não? Se duas pessoas olharem ao mesmo tempo para a lua … poderão ser capazes de encontrar  a energia necessária para criar uma passagem intemporal… o que uma sentir… poderá ser percecionado pela outra. Se o que partilharem for muito intenso, poderão mesmo acabar por se conseguir ver, refletidas, lá no outro lado.
Será que sim Lua? A Lua sorriu só para ela, como que a dizer que sim.
Oh! – Lembrou-se ela – mas também dizem que a Lua é mentirosa! Lembro-me de me terem dito isso quando era pequena: Quando parece estar a crescer, lembrando um C, está de facto a diminuir, e vice-versa. Patetices! Mas seria bom! Muito bom!
 Ou não! Também poderia ser triste. Normalmente temos tendência a pensar apenas em coisas boas. E se fosse só uma das pessoas a possuir a energia necessária? Ou ainda, se tudo não passasse de uma fantasia de uma delas, acarinhada e alimentada diariamente, ainda que com a aquiescência da outra? Embora muito menos agradável, não deixaria de ser uma hipótese válida e não tão descabida quanto se poderia pensar à primeira vista.
De sobrolho franzido, emersa numa torrente encadeada de pensamentos e deduções, a rapariga retomou o seu passo, colocando, sem se dar conta primeiro um dos pés, depois o outro, no mar de luar que se espraiava à sua frente. As águas eram quentes, doces e aconchegantes. As gotas de prata colavam-se à sua pele, atalhando caminho por entre os tecidos, músculos, sangue, atraídas para um ponto específico, fulcral, para o qual confluíam.
 A rapariga olhava as miríades multicolores de luz e brilho fascinada mas ao mesmo tempo temerosa e no entanto, incapaz de desviar os olhos daquele brilho que sem saber a consumia e tomava como sua até não restar mais nada a não ser uma centelha que ziguezeando partiu ao sabor do vento, em direção a parte nenhuma.
Meu Deus, como está linda a Lua! – pensou a rapariga, retomando o seu caminho.