Andava eu a fazer as compras de ultima hora, daquelas que sempre nos perseguem e das quais nunca nos lembramos, de tão banais (não me esqueci do doce de castanha, dos suspiros ou das sementes de cardamono.. mas já os guardanapos e a água fizeram-me voltar à loja..) quando ouvi alguém ao meu lado a comentar que ainda não tinha comprado as cuecas vermelhas... Apurei o ouvido. Cuecas vermelhas? Que muita gente comprava cuecas azuis ( o azul cueca vem provavelmente daqui), já eu sabia; basta olhar para as montras das lojas de langerie... Agora vermelhas... Aparentemente as cores estão relacionadas com aquilo que se pretende. Amor ao vermelho, cor da paixão... Verde ao dinheiro, cor dos dólares e branco aos valores espirituais, cor da pureza. O que me faz pensar, que nesta coisa das cuecas, não se pode ser muito ambicioso... A invenção das azuis só pode ter partido de alguém com espírito prático, que ao comprar um" dois em um " terá pensado, sorriso estampado no rosto -Porque não? Vai azul e já está!!
Superstições ligadas ao ano novo são muitas e variam de família para família... Desde as doze passas a entrar com o pé direito.. há de tudo... Confesso que tenho seguido algumas delas, das mais comezinhas..Mas este ano...este ano queria algo em grande!
As cuecas estão fora de questão...Vestir três pares de cuecas não me alicia, e as azuis a esta hora já esgotaram.
Passando ao seguinte, ainda ligado aos preparativos, convém entrar o ano vestido a rigor, porque, reza a tradição, assim se levará o ano que se anuncia... por outro lado, também se diz que branco é a cor a escolher... Outro impasse... roupa de cerimónia branca?! Adiante...
As passas são imprescindíveis!!! Devem ser 12 e comidas nas ultimas badaladas do ano. Assim como segurar uma taça de champagne e ter umas notas na outra mão..( qual mão?!) tudo isto em cima de uma cadeira, não esquecendo que se deve de entrar o ano com o pé direito... ou com os dois pés... como ouvi hoje dizer, não vá o diabo teçe-las... Complicado... Se por um lado me faltam mãos, por outro ainda corro o risco de começar o ano no hospital, ao forçar a família a acompanhar-me em tamanhos malabarismos...
Por isso, este ano vou fazer algo verdadeiramente inovador... Vou esperar o Novo ano como me apetecer, de taça de champagne na mão, com ou sem passas, e do mais que me lembrar..
Bom Ano!!!