sábado, 20 de março de 2010

Dia do pai


Dia do pai
Fui educada na ideia de que, tudo aquilo que eu fizesse, por mais singelo e modesto que fosse, tinha muito mais valor e importância do que qualquer outra coisa, vistosa, linda de encher o olho, mas comprada numa qualquer loja, por melhor que ela fosse, o que era corroborado pelo regozijo demonstrado pelos meus pais, quando abriam os meus presentes, feitos de propósito para estes dias. Claro que, paralelamente, apareciam outros, mas que funcionavam mais como um complemento às verdadeiras estrelas do dia: As minhas obras de arte...
Há uns tempos, encontrei algumas dessas” peças “em casa da minha mãe e uma delas em particular fez-me sorrir. Na altura eu andava a ser iniciada” nos bordados” e lembrei-me de fazer uma quadra, para o meu pai. A minha mãe, pessoa metódica e organizada, disse-me que tínhamos de comprar o tecido, as linhas, pensar nas cores, no desenho, na quadra, passar com químico para o tecido … e só depois pôr mãos à obra. Um verdadeiro tormento! Para mim, a coisa era pensada e logo executada! Demorar um dia que fosse … era uma eternidade, um suplício! Tinha tido a ideia, queria executa-la prontamente e ver o resultado, sem mais demoras. Tudo o resto podia esperar! Claro que para a minha mãe havia outras prioridades, que não se compraziam com a satisfação destes meus ataques criativos… Por isso resolvi improvisar… Se não tinha tecido… Tinha papel… Linhas podia usar as do paninho que estava a bordar… Só faltava a quadra… mas o frenesim de experimentar era tanto, que nem conseguia pensar… dei voltas à cabeça, e mais voltas…até que tive outra ideia brilhante… já que estava a improvisar, porque não adaptar? Era só mudar uma palavrinha e tudo se compunha na perfeição!
Escrevi a quadra numa folha de papel, fiz uma florzinha amarela, com duas folhinhas verdes, peguei numa agulha e atirei-me ao trabalho. A coisa não foi tão fácil como parecia…. O papel não ajudava, os furos feitos pela agulha eram grandes, a linha tinha de ser puxada muito devagarinho para não rasgar… Terminei e contemplei com orgulho o resultado. Estava de se lhe tirar o chapéu! A flor amarela, e em azul, a quadra, com os pontos de exclamação no fim e tudo:

Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra pai
É das palavras mais pequenas
A maior que o mundo tem!!!

Foi uma das coisas que fiz com mais sucesso, mostrada a toda a família, embora a certa altura tenha começado a surgir em mim, uma certa duvida sobre o que gostariam mais… se do bordado, se da quadra…
O meu pai, esse, adorou.

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