terça-feira, 25 de agosto de 2009
O que é hoje...
Tinha de lá voltar … desta vez sem a confusão das gentes, da azáfama dos pedidos, dos gritos das criancinhas e das mães. Longe de tudo isso. Por isso tinha escolhido aquela hora em que as cadeiras descansavam, desbaratadas,atiradas.
Apenas o vento rondava, emboscado por entre as bugigangas, saltando à desfilada, numa onda gelada e salgada, que arrastava areia e tudo o mais que se intrometesse.
Desceu a duna devagar, sem pressas, respirando fundo, como que a buscar e reter toda a essência do local.
Parou. Olhou à sua volta. O Sol despedia-se sem grande aparato, mas a luz… a luz inundava tudo, pintando tons laranja aqui e além, principalmente na água que estava na praia. A maré estava vaza. Algumas pessoas deambulavam ainda por lá; o dia fora quente.
Voltou-se uma vez mais para a esplanada.
Tudo estava lá. A casa, as cadeiras e espreguiçadeiras… as mesas… a decoração grosseira… tudo … e no entanto…
Em qualquer ponto do tempo o momento tinha-se perdido, algo se desconectara. A esplanada outrora especial, voltou a ser igual a outras tantas esplanadas que por aí existem. A magia tinha acabado. Despertara, voltando a vê-la como todos os outros a viam: uma barraca de madeira, gasta e desbotada ao pé da praia, sob um palanque.
Sentiu-se desolada, e o frio pareceu-lhe ainda mais frio, percorrendo-a de alto abaixo. Tinha feito tantos projectos. Precisava dela para terminar o que tinha pensado…. Sem ela nada faria sentido…
Concedeu-lhe ainda um último olhar, cheio de promessas por cumprir, planos por concretizar, daqueles em que já sabemos o que vai acontecer, mesmo antes de pensarmos… Provavelmente voltaria ali, mas nada seria igual.
O que é hoje, amanhã pode já o não ser … Até mesmo uma esplanada.
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