quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dia cinzento



  Todos os dias aparecem pedras no nosso caminho, umas que cuidadosamente colocamos e zelamos para que de lá não saiam, outras que a vida se encarrega de proporcionar.
   Choramos, rezamos, deitamos contas à vida, rimos, odiamos, amamos, mas no final... no final, feitas as contas, nada sobra, a não ser o nó na garganta, o sabor amargo da perda e apesar de tudo a certeza de que valeu a pena ter vivido.
  Entro na capela. As pessoas distribuem-se em pequenos grupos, conversando em voz baixa,mão dentro do casaco, provavelmente a segurar o telemóvel, não vá alguém telefonar... outros ficam à porta. Inspiro o ar fresco da noite em grandes golfadas, mas custa-me respirar até ao fim; O laço parece ter-se apertado ainda mais. Reflexos de recordações espartilhadas, serpenteiam à minha volta, desconexas, envolvendo-me num transe deprimente,  quase  viciante, do qual tenho dificuldade em me soltar. Oiço conversas soltas à minha volta..." Assim é que se vê, o que valemos..."..." Esta vida não vale nada.."..
 Sinto-me vazia de tão cheia.

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