O rádio entoa as mesmas melodias de sempre. Deixo-o cantarolar, abstraio-me dos sons e tento concentrar-me. Pela minha cabeça pairam ainda ecos, do que foi o dia de hoje. Episódios espartilhados vão desfilando, um a um desconexos. Avalio cada um deles, tentando retirar o melhor do pior.
“ Always look at the bright sight of life”mesmo que este não seja inteligível à partida e a maioria das vezes não o é. Foi para este pensamento que em bicos dos pés, me tentei esticar o mais que pude, nas últimas horas, na tentativa de o agarrar e ficar ali, pendurada no alento, naquilo que me parecia ser na altura um mar de desolação.
- Vamos fazer o que ainda não foi feito – grita o Pedro Abrunhosa – não posso deixar de pensar se ainda existirá alguma coisa por fazer... Pelo menos digna de interesse ou de nota. Regresso ao trabalho, ainda a tempo de ouvir os acordes finais do refrão :
-Porque amanhã pode ser tarde demais…
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