- Achas que ela não volta?
- Tenho a certeza, Gil.
Beatriz estava quieta, sentada em frente a ele. E vagueava. Ele brincava com a mão dela nas suas, terno, como sempre, mas as palavras trespassavam-na sem deixar marca. Era como se fosse volátil, gasosa, um holograma.
Beatriz sonhava com cores, cores rápidas e velozes, que se matizavam e misturavam, tingiam, numa amálgama colorida.
- Se fosses uma cor… Que cor gostarias de ser? - perguntou ela.
- Essa agora, minha… Uma cor? Assim de repente?! Sei lá…
Uma cor… Gosto de tantas… Não sei…
- Não se trata da cor que mais gostas – disse ela, sorrindo – podes por exemplo gostar do amarelo e não seres amarelo…
- Tens cada uma Bia! Agora eu amarelo! Amarelo é cor de ovo… Amarelo… Agora as pessoas também têm cores? Só mesmo dessa cabecinha! Uma cabecinha linda… Mas doida ! És mesmo doida ! Eheheh!
- Porque não? Porque não poderemos ter cores? Temos mesmo! Nunca ouviste falar em auras? Ouviste…
Não me contaste que tiveste uma namorada budista? Não acredito que ela não te tenha falado disso… Falou de certeza.
Ele replicou qualquer coisa, mas já Beatriz tinha zarpado, em direcção ao zénite. Fechando os olhos, passou o azul dos céus longínquos, os lilases das alfazemas, de que tanto gostava, os laranja, pincelados de rosa do por do sol, e deu por si mergulhada em vermelhos marmóreos, ora fortes, ora pálidos, que de uma candura pungente se tornavam ferozes e mortais.
Fascinada, deixou-se mergulhar naquele mar de vermelho sangue, morno, quente e aconchegante.
Tinha descoberto a sua cor: Red...
Texto simples, bonito e de facil compreensão, tal e qual como eu gosto numa escitora. És ? Deverias se-lo mas..... !!! Parebéns.
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