terça-feira, 16 de fevereiro de 2010



Parecia que não se iria conseguir ver livre dele assim tão facilmente…
O anel repousava, uma vez mais no aconchego da sua mão. Pensara que se o ignorasse o problema desaparecesse… um pouco como os gatos fazem: ralhamos com eles, e eles fecham os olhos. Se não nos vêem, não existimos… se não existimos… não existe problema … e podemos continuar. Seguir como se nada se tivesse passado.
Não fora intencionalmente que o fizera, mas de qualquer forma, ali estava ele. Quase que lhe podia imaginar um sorriso sarcástico, de vitória, mesmo ali… ali onde se adivinhava um brilhozinho… bem mesmo na parte concava, que estava virada para ela.
Tudo tinha voltado ao início. Mais uma vez, como tantas outras, ali estava, parada dentro do carro, cabeça encostada à janela, pensando para onde ir… sentia-se como uma traça, hipnotizada pela luz… a luz chamava-a.
“- Se soubesses o que te aguarda do outro lado… irias? “
É que ela sabia o que a aguardava do outro lado. Sentada naquela mesa de café, acordada, o destino tinha-se desenrolado, em frente dos seus olhos; Desde os dias do mel, na alegria dos primeiros tempos, o que a fizera sorrir, encantada, passando pelas primeiras agruras, depois o amargo do fel, o azedume, a partida. Ficara gelada. Nem percebera o que a empregada do café lhe dizia. Balbuciou qualquer coisa, pegou nas coisas e saiu, em transe. Acordou com a mão dela no seu ombro, a dizer que se tinha esquecido do anel.
“ Irias?!” Vais Beatriz? – A voz dentro dela não se calava, repetindo incessantemente as mesmas perguntas, vezes e vezes sem conta… “ Sabendo o que sabes… Valerá a pena? Estás disposta a tanto?
Não seria uma prova ainda maior de amor … poderia ir em frente, mas não seria um acto de egoísmo?
Olhou mais uma vez para o anel. Tinha aquecido com o calor da sua mão. Apertou-o Era agradável, a sensação de o ter ali. Brincou com ele por entre os dedos, enfiando-o até meio, ora num, ora noutro.
Quase sem dar por isso colocou-o no anelar. O anel acomodou-se, sorrateiro. Beatriz fechou os olhos e adormeceu

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