Beatriz…
Beatriz esperava, sentada à beira mar, por uma ideia. O Verão há muito que acabara, a esplanada fechara, e …aquele acaso que começara do nada,prolongara-se por um tempo muito maior do que ela julgara possível.
Achara que aquela era mais uma daquelas paixões incendiadas, com chama alta, que tudo consome, em que a entrega é total, arrasadora, sem tempo nem horas, daquelas em que se respira em uníssono, a pele reclama o toque…e o corpo, o corpo é percorrido por um tremor, quando os olhos se encontram.
Talvez por isso mesmo, de tão avassaladora que é, tende a esgotar-se da mesma maneira como apareceu, rapidamente, volatizando-se, efémera.
Não fora nada assim.
Ela ainda ali estava. O frenesim passara, mas ainda ali estava.
À espera.
Olhos fixos no ponto onde sabia que ele iria aparecer, de andar seguro, mas meio gingão, sorriso aberto, abraçando-a ainda antes de chegar.
-Bia, minha Bia… - disse ele, tomando-lhe o rosto entre as mãos e beijando-lhe os olhos e os lábios, como sempre fazia. Tantas saudades…
Tenho um presente para ti. Estive a arrumar umas musicas, antigas, lá no quarto, e nem imaginas! Eu nem me lembrava disto pá… Mesmo tóino…Eh eh eh…
Passei-me… Para além de tudo o mais…
És tu! Tu… Só tu. Ora ouve lá!! Vá...- incentivou-a ele, sempre a sorrir…-Vá… Vais gostar… E sempre a olhar para ela, colocou-lhe os phones. Não queria perder pitada… Beatriz, ajustou-os e concentrou-se no que viria aí. Ouviu o início e um sorriso desenhou-se nos seus lábios. – É linda – disse. – Ouve bem – repetiu ele, agarrando-a pelos ombros. Bia baixou os olhos, para de repente os levantar, comovida, atirando-se ao seu pescoço.
- Leva-me para sempre ... - disse ele baixinho, acariciando-lhe os cabelos.
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