domingo, 3 de janeiro de 2010
Saí de casa para o paredão. Desta vez não para" andar a correr", mas apenas para vaguear, desfrutar. Tudo costuma melhorar com uma banda sonora a condizer, e essa é fornecida pelo mp4 que levo sempre comigo, o que para além de me isolar do mundo, permitindo-me partir em desfilada para longas deambulações, costuma funcionar ainda como factor desencorajador de possíveis encontros com conhecidos...
Quando era pequena, lembro-me que um dos meus desejos secretos era precisamente esse: ter uma banda sonora que me acompanharia em todos os momentos, ou pelo menos nos mais marcantes, mais importantes. Imaginava-me a contemplar o mar, ao som de Fernão Capelo Gaivota, do Sailling, a chorar de incompreensão com uma balada de fundo, a vencer desafios, ultrapassar metas, tudo ao som de uma das minhas bandas favoritas...Por algum motivo é tão importante a banda sonora de um filme... E não seria isso mesmo a vida? Um filme? Ou uma série, composta por muitos episódios...
Deixei-me transportar pela musica, e caí nas recordações dos anos passados. Nos bons e velhos anos em que os dias corriam depressa, em tropel.
As pessoas passavam por mim, num vai vem intermitente, aos pares, trios, grupos, falando, rindo.
Olhei para o mar, para a forma como a luz incidia, num determinado ângulo, transformando o azul num verde quase jade, misturado com a espuma branca, enquadrado pelo azul-escuro do céu. Ao fundo a marina estava incendiada pelo sol que se punha. E tudo o resto me pareceu tão pequeno...
Pensei então como seria bom encontrar uma forma de poder partilhar estas vivências com os outros. Lembrei-me de fotografar... escrever... Mas nada me pareceu suficiente. Por muitas fotos que tirasse, por muito pormenorizadamente que escrevesse, algo se perderia sempre. Da mesma forma que cada ser humano é uno, também o são as formas de abarcar o real. Apenas alguns o conseguem, criando Arte e distinguindo-se de nós, comuns mortais.
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