quinta-feira, 2 de julho de 2009

A esplanada III


Magoou-se? - Perguntou ela, virando-se para trás e agarrando o momento - quase que lhe acertava na cabeça!! O que não poderia ter acontecido… O homem parece que é parvo…
- Pois! – olhos bem bonitos os dela…- Era tudo o que eu mais precisava! Depois da noite de ontem… Ela fitou-o entre o curiosa, e o expectante, lançando ondas de sedução e charme, sorriso brincando e pensando de si para si que quando menos se esperava o destino se encarregava de presentear com novas e promissoras possibilidades…
- Sei bem o que isso é… - a mão brincava com o colar – também tenho andado em maré de azar...
– É…- disse ele, sorrindo, enquanto pensava em como ela fazia jus ao provérbio! “ Não há bela sem senão”. O seu faro nunca o enganava. Esta era muita morena por fora, mas não podia ser mais platinada. Conhecia o tipo. E definitivamente, paciência era algo que não tinha… um trovão ribombou na sua cabeça, levando-o a franzir os olhos de dor… muito menos num dia como aquele.
… - Completamente disparatado, nem sei como lhe deram emprego aqui! A mim…. – Continuava ela, palrando sem dó nem piedade, num verdadeiro tropel verborreico, entusiasmada, pensando já num passeio à beira mar, pezinho brincando na água, um vinho… ou mesmo quem sabe …. Um jantar! Ele parecia mesmo interessado… – …comigo era mesmo assim, rua! É que… parou de supetão. Estava a falar para o vazio. A cadeira antes ocupada pelo rapaz estava vaga. Esticando-se na cadeira ainda o conseguiu ver, de costas e sem nunca olhar para trás a procurar o carro, no parque de estacionamento, tirar as chaves, meter-se no carro e a desaparecer, desaparecer… até se confundir com a estrada.

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