sexta-feira, 12 de junho de 2009


Quando era criança os dias corriam, disparavam, galgavam uns atrás dos outros, num frenesim excitante, sucedendo-se numa catadupa de emoções intensas, coloridas, brilhantes, vivas. Às vezes rodopiava sem parar, às voltas sobre mim mesma, deixando-me cair no chão, numa tontura sem fim, a cabeça a girar, a girar, embora estivesse parada. Agora que penso nisso, o mesmo acontecia quando andava de baloiço, horas e horas a fio; atirava-me então para trás, na cama e continuava a balançar, num vaivém gostoso,olhos fechados, o mundo sempre a girar.
Os dias eram sempre diferentes, vividos com sofreguidão, copiosamente bebidos, absorvidos, não desperdiçando uma gota. Ria, chorava, gostava, amava, odiava, com carinho, ternura, amor, raiva, desespero… numa sucessão ininterrupta, interminável, de combinações imprevistas e imponderáveis. Era o tempo do hoje, do agora, já !!! Nada podia esperar, sob pena de escorregar e se perder por entre os dedos e o chão desabar por debaixo dos pés.No dia de hoje, olhando para trás, consigo ainda sentir os ecos daquela felicidade completa e não posso deixar de me rir...

1 comentário:

  1. esses ecos somos nós. Somos em grande parte ecos, ou, por outras palavras, experiências presentificadas a que chamamos memórias.

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